Os dias vão passando e você começa a descobrir quem você realmente é e o que você significa para o mundo. Eu fiquei, por um determinado tempo, analisando pessoas para tentar entender o que elas sentiam e, se o que sentiam, era verdadeiro ou não. Eu sempre achei que muitas das relações que as pessoas mantinham não passavam de simples hipocrisias para enganar o próximo - ou enganar a si mesmo - que é o que prefiro acreditar.

Eu nunca acreditei que uma pessoa pudesse ser capaz de esquecer outra de uma hora para a  outra, que ninguém podia jurar amor a um ser humano em um virar do dia. O amor vem com o tempo, com a convivência, e ele não é capaz de ser apagado de uma hora para a outra. Portanto, eu não acredito em você que ama de uma hora para a outra, que esquece de uma hora para a outra, que faz tudo de uma hora para a outra. Você só prova o quanto é um ser instantâneo, que a qualquer momento muda sem deixar vestígios.

Por anos, tentei ser fria demais. Tentei esquecer de que existia alguém, lá fora, que, em algum momento, eu poderia amar. Fechava-me completamente para qualquer oportunidade que pudesse aparecer. Proíbia-me de viver. Era frustração, qualquer pessoa sabia. Mas, vivenciando a frieza que eu era capaz de me impor, eu conseguia afastar-me do sofrimento que o amor não correspondido podia trazer-me.

Gostar de alguém é a melhor coisa do mundo. Porém, gostar de alguém, com todo o seu coração, e não ser correspondido gera imensas quebraduras. Mas é aí que se engana quem acha que o amor passa à todo instante, que pensa que ele baterá até a sua porta para que você o receba de braços abertos. Ele é invasor. Não pede licença para entrar. E assim, você começa a acreditar que não terá uma hora certa na qual você possa prever tudo o que vai acontecer. Simplesmente flui.