Sonhei com você. Acordei, durante a madrugada, no relance de querer que tudo voltasse a ser como foi há um tempo atrás. Admira-me a forma com a qual o tempo escorreu por entre meus dedos. Eu sabia que, com a virada de um ano para outro, tudo mudaria de forma radical, mas eu não imaginava que seria tão bruscamente assim. Eu ainda tinha a ilusão de vê-lo em pouco tempo. Casualmente, meramente ocasional.
Mas não. Parece que você fugiu de mim. Eu não fui capaz de trazer você para um pouco mais perto de mim, ou melhor, eu não tive a capacidade de fazer com que você criasse raízes ao meu lado. Ocasionalmente, encontro-me pensando em você. Lembrando do seu sorriso; daquele seu perfume diferencial que me deixava louca; daquela sua boca que praticamente saltava ao encontro da minha quando íamos nos beijar. Em alguns momentos, a saudade é tanta que eu sinto seus dedos dedilhando o meu corpo, eu sinto o colar do meu corpo no seu e o encontro de nossas respirações.
Esse não é o relato de uma apaixonada. Mas aqui fica uma prova da saudade que sinto de estar com você, a saudade daquele perigo que nós corríamos só para nos encontrar em um lugar tranquilo, que absolutamente ninguém pudesse nos ver. Ninguém tinha nada a ver com a nossa vida, mas para quê fins levantar suspeitas? Eu sei que nosso olhar entregava o que acontecia entre nós. Aquela atração fatal de nossos corpos em chama.
Mas, além de tudo isso, também ausencia aquela sua forma carinhosa de me tratar. O modo com o qual você reparava na minha mudança de visual ou na cor do meu esmalte. Aquele jeito de dizer coisas alegres e bonitas que só você tinha.
Você podia ser assim com outras garotas, mas eu sabia que, perto de você, eu tinha o meu lugar. Que, quando eu chegasse em sua frente, você me agarraria pela cintura e me daria um abraço de tirar a respiração. Hoje, eu escrevo tudo isso, rememorando minha lembrança e sentindo você em mim. Levemente, eu ainda posso sentir o seu perfume no ar. A saudade daquilo que não foi.

Andreza Alves