Sonhei com você. Acordei, durante a madrugada, no relance de querer que tudo voltasse a ser como foi há um tempo atrás. Admira-me a forma com a qual o tempo escorreu por entre meus dedos. Eu sabia que, com a virada de um ano para outro, tudo mudaria de forma radical, mas eu não imaginava que seria tão bruscamente assim. Eu ainda tinha a ilusão de vê-lo em pouco tempo. Casualmente, meramente ocasional.
Mas não. Parece que você fugiu de mim. Eu não fui capaz de trazer você para um pouco mais perto de mim, ou melhor, eu não tive a capacidade de fazer com que você criasse raízes ao meu lado. Ocasionalmente, encontro-me pensando em você. Lembrando do seu sorriso; daquele seu perfume diferencial que me deixava louca; daquela sua boca que praticamente saltava ao encontro da minha quando íamos nos beijar. Em alguns momentos, a saudade é tanta que eu sinto seus dedos dedilhando o meu corpo, eu sinto o colar do meu corpo no seu e o encontro de nossas respirações.
Esse não é o relato de uma apaixonada. Mas aqui fica uma prova da saudade que sinto de estar com você, a saudade daquele perigo que nós corríamos só para nos encontrar em um lugar tranquilo, que absolutamente ninguém pudesse nos ver. Ninguém tinha nada a ver com a nossa vida, mas para quê fins levantar suspeitas? Eu sei que nosso olhar entregava o que acontecia entre nós. Aquela atração fatal de nossos corpos em chama.
Mas, além de tudo isso, também ausencia aquela sua forma carinhosa de me tratar. O modo com o qual você reparava na minha mudança de visual ou na cor do meu esmalte. Aquele jeito de dizer coisas alegres e bonitas que só você tinha.
Você podia ser assim com outras garotas, mas eu sabia que, perto de você, eu tinha o meu lugar. Que, quando eu chegasse em sua frente, você me agarraria pela cintura e me daria um abraço de tirar a respiração. Hoje, eu escrevo tudo isso, rememorando minha lembrança e sentindo você em mim. Levemente, eu ainda posso sentir o seu perfume no ar. A saudade daquilo que não foi.

Andreza Alves
 
Acordei com uma vontade de deixar todas as coisas chatas de lado. Parar com essas regras que são impostas, deixar de fazer tudo da forma correta na hora certa. Por que não errar um pouco se é assim que se aprende? Pensei e repensei. Talvez esse não seja o meu jeito de viver a vida. Eu gosto de seguir meus próprios paramêtros.
Estou cansada da mesma rotina de sempre. Preciso mudar os móveis de lugar só para ter a noção de cinética. Saber que estou na mesma situação, há tempos, desestabiliza-me. E é assim que realmente deve ser. Começar pelo pouco. Mudar os móveis de lugar, jogar aquelas coisas que eu nem uso mais fora, deixar de ficar rememorando tanto o passado para viver o presente, e melhor, começar a repensar na minha ideia de futuro.
Quem muito se prende ao que já foi, não vive o que está vindo, não vive o que já vai. A vida é esse constante ciclo, e eu preciso aprender a acostumar-me a saber separar as coisas, saber mudar um pouco. Nem que seja só mudar a fórmula que eu usarei para fazer aquele exercício de física. Começando pelos poucos faz-se a diferença. E, no final, eu vou filtrando essas mudanças e separando os resíduos que sobraram daquela pessoa monótona que eu fui um dia.


Andreza Alves
 
Os dias vão passando e você começa a descobrir quem você realmente é e o que você significa para o mundo. Eu fiquei, por um determinado tempo, analisando pessoas para tentar entender o que elas sentiam e, se o que sentiam, era verdadeiro ou não. Eu sempre achei que muitas das relações que as pessoas mantinham não passavam de simples hipocrisias para enganar o próximo - ou enganar a si mesmo - que é o que prefiro acreditar.

Eu nunca acreditei que uma pessoa pudesse ser capaz de esquecer outra de uma hora para a  outra, que ninguém podia jurar amor a um ser humano em um virar do dia. O amor vem com o tempo, com a convivência, e ele não é capaz de ser apagado de uma hora para a outra. Portanto, eu não acredito em você que ama de uma hora para a outra, que esquece de uma hora para a outra, que faz tudo de uma hora para a outra. Você só prova o quanto é um ser instantâneo, que a qualquer momento muda sem deixar vestígios.

Por anos, tentei ser fria demais. Tentei esquecer de que existia alguém, lá fora, que, em algum momento, eu poderia amar. Fechava-me completamente para qualquer oportunidade que pudesse aparecer. Proíbia-me de viver. Era frustração, qualquer pessoa sabia. Mas, vivenciando a frieza que eu era capaz de me impor, eu conseguia afastar-me do sofrimento que o amor não correspondido podia trazer-me.

Gostar de alguém é a melhor coisa do mundo. Porém, gostar de alguém, com todo o seu coração, e não ser correspondido gera imensas quebraduras. Mas é aí que se engana quem acha que o amor passa à todo instante, que pensa que ele baterá até a sua porta para que você o receba de braços abertos. Ele é invasor. Não pede licença para entrar. E assim, você começa a acreditar que não terá uma hora certa na qual você possa prever tudo o que vai acontecer. Simplesmente flui.

 
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... meu nome é Andreza e estou iniciando no blog. Sou carioca, estudiosa, sincera e um pouco ácida. Adoro falar sobre os sentimentos do eu, sobre amores não correspondidos e sobre questões da sociedade. Sou apaixonada por cálculos e cursarei Química na faculdade. Sou encantada com o léxico requintado, e odeio hipocrisia. Sou fã da Pitty e já fui à mais de treze shows da Banda Hori, banda que hoje não mais existe, mas permanece viva na lembrança de todas as fãs. Por  fim, sou apaixonada por música e leitura. Espero que gostem de mim. Possuo um tumblr onde compartilho tudo o que sinto e o que penso.